Professores da UFSM participam de observatório que irá mapear o universo com a maior câmera digital do mundo

Bibiana Pinheiro

Professores da UFSM participam de observatório que irá mapear o universo com a maior câmera digital do mundo
A imagem tem, ao fundo, várias galáxias – duas delas com maior destaque. Foto: Nasa, agência espacial norte-americana (divulgação).

Professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) farão parte de um projeto que observará o céu por 10 anos. A maior câmera digital do mundo vai fotografar o espaço todas as noites. Graças a nova tecnologia da câmera, os profissionais da astronomia poderão desvendar, por meio de uma resolução muito maior, o que acontece no espaço.

O projeto “Levantamento Legacy: no Espaço e no Tempo”, tradução livre de Legacy Survey of Space and Time (LSST), pretende fazer um inventário do sistema solar, identificando, inclusive, asteroides que podem colidir com a Terra. Também, mapear as transformações no espaço sideral. Em detalhes, seria como observar o surgimento e desaparecimento de objetos e fenômenos no espaço.

São pesquisadores de diversos países que estão envolvidos, entre eles os de Santa Maria. Os cientistas da UFSM, por meio do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), desenvolverão uma infraestrutura tecnológica para este projeto. Serão os servidores computacionais criados pelo LIneA que, no Brasil, vão armazenar as imagens geradas do espaço.

Para o professor do Departamento de Física, Sandro Barboza Rembold, avançar no conhecimento sobre o espaço é conhecer mais sobre como o universo funciona, o seu surgimento, e as características dos elementos que o compõe.

– A gente tenta explicar o funcionamento de coisas que são realmente muito grandes com base na Física que a gente conhece, tendo as interações que a gente pode medir em laboratório. Prevendo que são incompletos, e todos tem pequenos “furos”… o trabalho é encontrar estes “furos”, e nós usamos o espaço inteiro como um grande laboratório – explica o astrofísico extra-galáctico, Sandro que pesquisa outras galáxias, para além da que o planeta Terra se situa.

Trabalho da UFSM

Em mais detalhes, o sistema criados pelo LIneA, grupo que a UFSM integra, disponibilizará as imagens em uma “nuvem” para os pesquisadores, sem a necessidade de que cada um as descarregue em seus computadores. Isso seria inclusive inviável, tendo em vista a gigantesca quantidade de dados que será gerada pelo LSST.

A câmera digital construída para o projeto pesa 3 toneladas, o que seria a soma do peso de dois carros populares. Ela tem a resolução de 3.200 megapixels, e neste caso, poderia localizar uma bola de golfe a 20 quilômetros de distância. As imagens que captará serão tão grandes que seriam necessárias 1.500 TVs de alta definição para visualizar cada uma delas. Estima-se que, ao longo dos 10 anos do projeto, sejam gerados densas quantidades de dados.

Para participar do Legacy Survey, o grupo da UFSM e da UFRGS conquistou cinco das 15 vagas disponibilizadas para pesquisadores vinculados a instituições brasileiras em chamada pública do LIneA, que também ofertava outras 60 vagas para jovens pesquisadores.

Integram, além do professor Sandro Barboza, Rogemar André Riffel e Jáderson da Silva Schimoia, ambos do Departamento de Física da UFSM, e Thaisa Storchi Bergmann e Rogério Riffel, docentes da UFRGS. Nessa chamada, o grupo de pesquisa teve aprovado o projeto com o título “Curvas de luz de galáxias hospedeiras de núcleos ativos altamente variáveis”.

A previsão é de que o telescópio do projeto esteja em pleno funcionamento a partir do final de 2025. Com o início da fase de testes em 2024. Foto: Rubin Observatory (divulgação)

O monitoramento de galáxias

‘Estudar uma galáxia é como analisar os tijolos que constroem o universo’. Estas são palavras do professor Sandro Barboza ao descrever os processos de um astrofísico ao observar o espaço.

Entre as diversas opções para estudo, eles aproveitarão a tecnologia da câmera, que poderá observar mais afundo e de maneira mais rápida o céu, para conhecer mais sobre as galáxias de núcleo ativo. São as que apresentam alguma movimentação em seu núcleo. É possível detectar quando tem atividade neste núcleo através da luz que é emitida. Esta luz é captada através das fotos.

Mais especificamente, serão estudadas as galáxias de núcleo ativo, emissoras de duplo pico. Este detalhe em específico, engloba as galáxias que têm núcleo ativo e neles têm diferentes padrões de rotação dos gases. Isto torna o objeto de análise interessante aos pesquisadores, que buscarão responder o que acontece lá dentro e como é seu funcionamento.

Para o estudo, o grupo de pesquisadores da UFSM e UFRGS vai monitorar, por meio das imagens captadas pelo Vera C. Rubin Observatory, aproximadamente 2 mil galáxias e outros 400 objetos mais próximos.

A participação desse grupo LIneA são custeadas por instituições brasileiras de financiamento à pesquisa, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras.

O LSST será desenvolvido no observatório Vera C. Rubin, que está em fase de construção no deserto do Atacama, no Chile. Local em que não há nuvens, nem claridade artificial da cidade, um cenário ideal para a observação do cosmos.

*Com informações da Assessoria da UFSM

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